terça-feira, 23 de janeiro de 2018

NOVOS TEMPOS

NOVOS TEMPOS


Novos tempos.

Para ocupar o imenso território, antes ocupado exclusivamente com a criação de gado, o governo federal, através da Comissão do Vale do São Francisco, criou a Colônia Agropecuária do Paracatu. Em 1952 a paisagem da região começa a mudar; a fazenda Extrema torna-se a sede da Colônia com o nome de Brasilândia, embora mais conhecida como “Sede”. Os primeiros funcionários foram chegando, a penetração de colonos causou verdadeiro choque cultural: gente de todo o lado, costumes diferentes dos antigos vaqueiros. Uma tarefa ingente pela frente: transformar aquela imensidão de terra sem nenhum trato em lavouras e criatórios. Os primeiros administradores sempre gozaram de grande prestígio e autoridade entre os colonos. Segundo comenta-se, a reforma agrária que sempre causa conflitos, aqui ela foi incrementada sem traumas. Os primeiros lotes foram demarcados e os seus donos foram construindo seus barracos, simplesmente com a força dos braços foram derrubando mato e plantando roças. Pessoas humildes que antes trabalhavam com meeiros nas fazendas onde moravam. O gado existente perdido nos chapadões, os “brabesas” foram capturados à força e entregues aos colonos que assim puderam começa a vida na propriedade. Os antigos vaqueiros, alguns ficaram com lotes; outros talvez por não se adaptarem ao tipo de vida, continuaram vaqueiros. Muitas dificuldades enfrentaram os primeiros colonos. Não havia estradas, armazém, escolas, igreja, cemitério; tudo por construir. Para adquirir gêneros e remédios tinham se dirigir à sede, onde também era dada a assistência médica. Quando havia missa na sede, caminhões apanhavam os moradores para assistir e batizar os filhos. Posteriormente em 1954, os colonos se organizaram e construíram no Riachinho do Gado Bravo a primeira capela, sendo colocada sob a proteção de Santo Alberto tendo em vista que a região era infestada pela malária e o santo carmelita era da região da Sicília na Itália, também foco da febre malária no seu tempo. Construíram o cemitério, pois antes sepultavam os mortos em qualquer lugar. A comunidade era bem organizada; fundaram a Conferência Vicentina Nª Sª do Carmo, organizaram a festa do padroeiro e era ponto de referência na região. O vigário de João Pinheiro Frei Dionisio Groninger, prestava assistência religiosa. Quando havia missa no Riachinho a aglomeração era enorme tendo em vista ser a única capela em toda a região. Colonos do Sapato, Forquilha do Espinho, Boqueirão, Peri-Peri, Novilha Brava, Córrego da Ponte, Barra chegavam em seus carros de boi; interessante que as famílias traziam a cozinha e outros pertences e arranchavam debaixo das árvores. Muitos noivos que se preparavam também debaixo das árvores, sob a algazarra das seriemas que corriam assustadas com os intrusos. O costume do povo era interessante: calças de algodão, cujo tecido era fabricado em casa mesmo, tecelãs faziam lindas colchas. Os homens geralmente andavam armados, a única atividade era lida com gado e roça, principalmente o plantio de arroz. Interessante notar a convivência dos colonos oriundos de diversas partes do Estado, todos tinham um interesse comum: terra para trabalhar. A Colônia abrangia um vasto território e a diversidade do seu povo não impediu o seu crescimento; a produção agrícola em pouco tempo era destaque em toda a região.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Olá! Obrigada pelo texto. O senhor saberia onde posso encontrar mais informações sobre o Frei Dionísio Groninger? Estou em contato com sua família de origem holandesa e eles buscam por dados e fatos de sua jornada no Brasil. Adicionalmente, conhece algum cidadão que conviveu com o Frei? Toda ajuda é bem vinda! Obrigada.

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