terça-feira, 23 de janeiro de 2018

OS PRIMEIROS TEMPOS

OS PRIMEIROS SINAIS DE FARTURA

Os primeiros sinais de fartura...
O início das águas foi demorado. Uma chuvinha no final de semana; isso não impediu que as terras fossem preparadas. Muita coivara para queimar para abrir espaço para plantar. Semente muito difícil e cara, era adquirida com muita dificuldade, às vezes com troca de dia de serviço. No final do ano já começou aparecer alguma abóbora e quiabo; em fevereiro já se colhia arroz no cacho e torrava na panela para socar. No mês de abril o arrozal estava maduro colorindo de amarelo as várzeas. No prolongado serviço de colheita comia-se carne de surubi; quanta fartura de peixes havia naquela época. A abundância de mantimentos veio cobrir aquela falta horrível; muito arroz, milho, cana, já não se passava falta como no início. Os caminhãozeiros começaram comprar arroz e trouxe dinheiro para a região. Os principais compradores vinham de Patos e Paracatu; havia uma balsa nos Poções e trânsito passando pelo Entre Ribeiros. A Colônia começou receber grande leva de migrantes provenientes da região de Três Marias; a barragem expulsou os moradores e chegavam muitas famílias. Na véspera da inauguração de Brasília em 21 de abril de 1960 à tarde, um imenso bando de jaburus veio no sentido oeste leste, talvez anunciando a epopéia. A região do noroeste foi sacudida pelo progresso; rodovias, povoamento; cidades que dormitavam há tempos foram sacudidas como João Pinheiro e Paracatu. O sertão já não era mais aquele. A Colônia recebia mais gente, as reservas foram invadidas e posteriormente divididas em pequenas áreas. Meu pai ajudou muito nesse trabalho, o chefe confiava a ele o encargo de tomar conta da reserva e avisar caso houvesse alguma invasão inesperada.
(GMP)

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