OS TEMPOS DA COMPANHIA
Os tempos da Companhia.
A Brazil Land tendo adquirido uma grande área abrangendo diversas fazendas, instalou a sua sede na Extrema, ao pé da serra, hoje a cidade de Brasilândia de Minas. Montou fábrica de manteiga e coletava o leite, ou melhor, o leite já desnatado dos retiros. A Novilha Brava foi sede do mais importante retiro; com um rebanho aproximado de cinco mil bovinos, recebia o carregamento de creme dos retiros da Forquilha do Espinho, Peri-Peri, Boqueirão, Limoeiro e de outros de menor importância. Segundo relato era uma verdadeira aventura o transporte através de carroça de burro, pois a região era infestada de onças. Havia pontos em que o cuidado era redobrado devido aos constantes ataques.
O senhor Emídio Nogueira, antigo vaqueiro, depois funcionário da Colônia, era profundo conhecedor da região. Viveu trinta anos no retiro; havia uma casa de vaqueiros ao lado da sede. Interessante relembrar os casos contados pelo antigo vaqueiro.
Os vaqueiros tinham como ocupação a lida com o gado. Alimentavam principalmente com carne de boi e caça. Pelos varjões, cerrados e vazantes criava-se o gado; não raro encontrava-se uma anta e os vaqueiros jogavam o laço e arrastavam o bicho até o curral. Certa vez, um inglês funcionário da Companhia fazia uma fiscalização nos retiros. Os vaqueiros com sua aparente timidez, muito discretamente armaram uma para cima do tal inglês. De manhã arrearam um cavalo e propositalmente saíram para o campo tomando a direção do açude velho. Aproximando de uma clareira no cerrado, num cascalho bastante fino, chamaram a atenção do visitante para o rastro de um bicho que, segundo eles, era o “pé-de-garrafa” enorme e perigoso, e toda precaução deveria ser tomada diante de uma eventual aparição do tal bicho. O estrangeiro tentando disfarçar o medo, virou as rédeas e rapidamente voltou ao retiro. À noite, no pouso, foram gozar a brincadeira e rir do britânico, que desistiu da sua incumbência retornando imediatamente. Enfrentavam toda sorte de perigos, exceto o perigo do “pé-de-garrafa” fruto de suas prodigiosas imaginações. Saiam para o campo em busca de uma rês bravia, caso não conseguissem laçá-la e trazê-la levavam o trinta e oito na testa do bicho e deixavam para os urubus. Quando na época das enchentes o gado ficava ilhado, como certa vez no Capão do Meio, os vaqueiros simplesmente desarreiam os cavalos, se despiam e entravam na represa para resgatar o gado. Eram exímios laçadores, arte que faziam questão de cultivar. A Companhia depois foi desapropriada pelo governo federal, o gado foi deixado ao abandono, tendo se tornado “brabesas”, nome dado ao gado selvagem.
A Brazil Land tendo adquirido uma grande área abrangendo diversas fazendas, instalou a sua sede na Extrema, ao pé da serra, hoje a cidade de Brasilândia de Minas. Montou fábrica de manteiga e coletava o leite, ou melhor, o leite já desnatado dos retiros. A Novilha Brava foi sede do mais importante retiro; com um rebanho aproximado de cinco mil bovinos, recebia o carregamento de creme dos retiros da Forquilha do Espinho, Peri-Peri, Boqueirão, Limoeiro e de outros de menor importância. Segundo relato era uma verdadeira aventura o transporte através de carroça de burro, pois a região era infestada de onças. Havia pontos em que o cuidado era redobrado devido aos constantes ataques.
O senhor Emídio Nogueira, antigo vaqueiro, depois funcionário da Colônia, era profundo conhecedor da região. Viveu trinta anos no retiro; havia uma casa de vaqueiros ao lado da sede. Interessante relembrar os casos contados pelo antigo vaqueiro.
Os vaqueiros tinham como ocupação a lida com o gado. Alimentavam principalmente com carne de boi e caça. Pelos varjões, cerrados e vazantes criava-se o gado; não raro encontrava-se uma anta e os vaqueiros jogavam o laço e arrastavam o bicho até o curral. Certa vez, um inglês funcionário da Companhia fazia uma fiscalização nos retiros. Os vaqueiros com sua aparente timidez, muito discretamente armaram uma para cima do tal inglês. De manhã arrearam um cavalo e propositalmente saíram para o campo tomando a direção do açude velho. Aproximando de uma clareira no cerrado, num cascalho bastante fino, chamaram a atenção do visitante para o rastro de um bicho que, segundo eles, era o “pé-de-garrafa” enorme e perigoso, e toda precaução deveria ser tomada diante de uma eventual aparição do tal bicho. O estrangeiro tentando disfarçar o medo, virou as rédeas e rapidamente voltou ao retiro. À noite, no pouso, foram gozar a brincadeira e rir do britânico, que desistiu da sua incumbência retornando imediatamente. Enfrentavam toda sorte de perigos, exceto o perigo do “pé-de-garrafa” fruto de suas prodigiosas imaginações. Saiam para o campo em busca de uma rês bravia, caso não conseguissem laçá-la e trazê-la levavam o trinta e oito na testa do bicho e deixavam para os urubus. Quando na época das enchentes o gado ficava ilhado, como certa vez no Capão do Meio, os vaqueiros simplesmente desarreiam os cavalos, se despiam e entravam na represa para resgatar o gado. Eram exímios laçadores, arte que faziam questão de cultivar. A Companhia depois foi desapropriada pelo governo federal, o gado foi deixado ao abandono, tendo se tornado “brabesas”, nome dado ao gado selvagem.
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