ATÉ QUE ENFIM...
Até que enfim.
Chegando à Novilha pudemos ter os primeiros contatos com a terra. A casa era uma velha construção, antiga sede de importante fazenda pertencente á Dona Joaquina do Pompéu. Caso raro, pois tudo era novo, casa de telha talvez fosse a única. Começaram-se os trabalhos de construção do rancho para o morador, tudo era novidade. Não se conhecia qual o tipo de madeira que fosse apropriado para construção, estávamos num mundo estranho. No dia seguinte à tarde fomos conhecer a reserva, onde hoje é a Vila, muita mata e as vargens eram uma beleza. De quando em quando, um galheiro corria assustado com a presença de estranhos. Ao passar sob um jatobá imenso, um bando de patos selvagens voaram assustados, chamamos o lugar de “poleiro de pato”. Existia uma única barraca de palha onde hoje é a Conferência; uma capoeira muito fechada onde é a igreja, escola e a praça. Finalmente quando o rancho ficou pronto, o morador levou a sua mudança. Não esqueço que os moradores diziam que a casa era assombrada, quase toda fazenda antiga tem muitas lendas. Diziam que um antigo dono quando morreu foi levado por um boi preto e no caixão colocaram troncos de bananeira. Havia um quarto que era o tal assombrado. Como a casa ficou vazia naquela noite eu e Quito ficamos sós. Deitava-se cedo, pois não havia nada que fazer. De repente algo estranho chamou a atenção: no quarto ao lado um ruído como se estivesse arranhando o assoalho. Nunca passei tamanho medo, lembrei logo da tal assombração, bem que todos nos aconselharam a não ficar na casa sozinhos. A nossa sorte é que logo ouvimos conversas aproximando. O morador veio apanhar as galinhas no poleiro. O ruído logo parou e aliviados pudemos constatar que a tal assombração era o cachorro que havia penetrado no assoalho e ao perceber a chegada do dono saiu de seu dormitório. Não contamos nada a ninguém. Isto foi bom, pois nunca mais tive medo de assombração na casa velha. O pessoal poderia vir com o restante da mudança. Na véspera arrumamos alguns animais emprestados porque a distância era enorme e ninguém tinha o costume de tão longa caminhada; encontramos minha mãe e as meninas na Pinguela, o carro de boi vinha um pouco atrás com o restante da mudança. Era a manhã do dia quatro de março de cinqüenta e nove. Meu irmão Quito tomou umas réguas de canela da embalagem das ferramentas e confeccionou uma cruz e colocou-a na porta, conforme o costume de nossa terra; esta cruz se encontra na parede de frente de nossa casa. Foram quarenta e três dias a duração da mudança; todos já estavam angustiados com tanta demora. Começa então um período de muito trabalho e dificuldades. Tudo teria que ser comprado e o ano foi muito seco, sem colheitas. Os preços muitos altos e não se encontrava nada. Sabe Deus como passamos, colheita só no próximo ano. Parece que a dificuldade ensina a pessoa buscar os meios.
(GMP)
Chegando à Novilha pudemos ter os primeiros contatos com a terra. A casa era uma velha construção, antiga sede de importante fazenda pertencente á Dona Joaquina do Pompéu. Caso raro, pois tudo era novo, casa de telha talvez fosse a única. Começaram-se os trabalhos de construção do rancho para o morador, tudo era novidade. Não se conhecia qual o tipo de madeira que fosse apropriado para construção, estávamos num mundo estranho. No dia seguinte à tarde fomos conhecer a reserva, onde hoje é a Vila, muita mata e as vargens eram uma beleza. De quando em quando, um galheiro corria assustado com a presença de estranhos. Ao passar sob um jatobá imenso, um bando de patos selvagens voaram assustados, chamamos o lugar de “poleiro de pato”. Existia uma única barraca de palha onde hoje é a Conferência; uma capoeira muito fechada onde é a igreja, escola e a praça. Finalmente quando o rancho ficou pronto, o morador levou a sua mudança. Não esqueço que os moradores diziam que a casa era assombrada, quase toda fazenda antiga tem muitas lendas. Diziam que um antigo dono quando morreu foi levado por um boi preto e no caixão colocaram troncos de bananeira. Havia um quarto que era o tal assombrado. Como a casa ficou vazia naquela noite eu e Quito ficamos sós. Deitava-se cedo, pois não havia nada que fazer. De repente algo estranho chamou a atenção: no quarto ao lado um ruído como se estivesse arranhando o assoalho. Nunca passei tamanho medo, lembrei logo da tal assombração, bem que todos nos aconselharam a não ficar na casa sozinhos. A nossa sorte é que logo ouvimos conversas aproximando. O morador veio apanhar as galinhas no poleiro. O ruído logo parou e aliviados pudemos constatar que a tal assombração era o cachorro que havia penetrado no assoalho e ao perceber a chegada do dono saiu de seu dormitório. Não contamos nada a ninguém. Isto foi bom, pois nunca mais tive medo de assombração na casa velha. O pessoal poderia vir com o restante da mudança. Na véspera arrumamos alguns animais emprestados porque a distância era enorme e ninguém tinha o costume de tão longa caminhada; encontramos minha mãe e as meninas na Pinguela, o carro de boi vinha um pouco atrás com o restante da mudança. Era a manhã do dia quatro de março de cinqüenta e nove. Meu irmão Quito tomou umas réguas de canela da embalagem das ferramentas e confeccionou uma cruz e colocou-a na porta, conforme o costume de nossa terra; esta cruz se encontra na parede de frente de nossa casa. Foram quarenta e três dias a duração da mudança; todos já estavam angustiados com tanta demora. Começa então um período de muito trabalho e dificuldades. Tudo teria que ser comprado e o ano foi muito seco, sem colheitas. Os preços muitos altos e não se encontrava nada. Sabe Deus como passamos, colheita só no próximo ano. Parece que a dificuldade ensina a pessoa buscar os meios.
(GMP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário