OS TEMPOS FORAM PASSANDO...
Os tempos foram passando...
Os tempos foram passando. A Colônia foi enchendo de gente. Em 1960, com o término das obras da barragem de Três Marias, os moradores desalojados pela represa tiveram que se deslocar para outras paragens. O destino desse povo geralmente foi os municípios do noroeste. Os lotes cujos donos não haviam se fixados e pensavam em mudar foram vendidos para os novos colonos, em parte foi bom porque trouxeram algum recurso o que incrementou bastante a região. Alguns anos, colheita abundante, outros o tempo não ajudava, em 1963 grande estiagem. A administração distribuía gêneros para as pessoas que acorriam à Sede em busca de recursos; foram distribuídos alimentos provenientes dos EUA. O ano seguinte grande fartura, grandes lavouras de arroz dourando os baixios. No final de março um fato marcou a História do Brasil: o movimento revolucionário. Uma grande crise avassalava o país; o governo parece não controlar mais a situação. Falava-se em reformas de base. Os movimentos populares e sindicais promoviam grande agitação. O comunismo era uma ameaça, greves por todo lado agravavam mais ainda a situação. Grandes marchas começaram acontecer pelo país. Líderes civis e militares se rebelaram e em 31 de março o movimento eclodiu. Grande apoio popular, o país suspirou aliviado. Acompanhávamos o desenrolar da crise pelo rádio, a situação deteriorava a cada dia. Na noite do dia 31 as emissoras de rádio começaram a interromper a sua programação para dar alguma notícia esporádica sobre o levante. Lembro que ao passo que ia ficando mais tarde a situação foi se definindo e as emissoras começaram a acompanhar o desenrolar da marcha. As marchas marciais faziam fundo e inflamados manifestos eram lidos; as emissoras favoráveis ao governo e a chamada cadeia da liberdade disputavam a audiência, eu e meu pai passamos a noite toda ao pé do rádio acompanhando o desenrolar dos acontecimentos. De manhã fomos para o serviço, a colheita de arroz estava começando; lá pelas três horas meu pai chegou gritando de longe: o homem caiu! Referia-se ao Presidente João Goulart. A Rádio Inconfidência liderando a rede da Liberdade comandava a concentração em frente ao Palácio executando “Já podeis da Pátria filhos...” Ficamos eufóricos, pois a situação anterior estava caótica e havia esperança que a ordem seria restabelecida. Ninguém esperava que a revolução durasse tanto tempo e se tornasse a chamada ditadura militar. Na época algumas palavras se tornaram populares como por exemplo cassar mandato, IPM , DOPS, Ato Institucional, subversivo, terrorista, exílio, anistia, etc. O noticiário à noite divulgava extensa lista de cassados, aposentadoria compulsória, preso político. O governo pôs ordem na casa.
(GMP)
Os tempos foram passando. A Colônia foi enchendo de gente. Em 1960, com o término das obras da barragem de Três Marias, os moradores desalojados pela represa tiveram que se deslocar para outras paragens. O destino desse povo geralmente foi os municípios do noroeste. Os lotes cujos donos não haviam se fixados e pensavam em mudar foram vendidos para os novos colonos, em parte foi bom porque trouxeram algum recurso o que incrementou bastante a região. Alguns anos, colheita abundante, outros o tempo não ajudava, em 1963 grande estiagem. A administração distribuía gêneros para as pessoas que acorriam à Sede em busca de recursos; foram distribuídos alimentos provenientes dos EUA. O ano seguinte grande fartura, grandes lavouras de arroz dourando os baixios. No final de março um fato marcou a História do Brasil: o movimento revolucionário. Uma grande crise avassalava o país; o governo parece não controlar mais a situação. Falava-se em reformas de base. Os movimentos populares e sindicais promoviam grande agitação. O comunismo era uma ameaça, greves por todo lado agravavam mais ainda a situação. Grandes marchas começaram acontecer pelo país. Líderes civis e militares se rebelaram e em 31 de março o movimento eclodiu. Grande apoio popular, o país suspirou aliviado. Acompanhávamos o desenrolar da crise pelo rádio, a situação deteriorava a cada dia. Na noite do dia 31 as emissoras de rádio começaram a interromper a sua programação para dar alguma notícia esporádica sobre o levante. Lembro que ao passo que ia ficando mais tarde a situação foi se definindo e as emissoras começaram a acompanhar o desenrolar da marcha. As marchas marciais faziam fundo e inflamados manifestos eram lidos; as emissoras favoráveis ao governo e a chamada cadeia da liberdade disputavam a audiência, eu e meu pai passamos a noite toda ao pé do rádio acompanhando o desenrolar dos acontecimentos. De manhã fomos para o serviço, a colheita de arroz estava começando; lá pelas três horas meu pai chegou gritando de longe: o homem caiu! Referia-se ao Presidente João Goulart. A Rádio Inconfidência liderando a rede da Liberdade comandava a concentração em frente ao Palácio executando “Já podeis da Pátria filhos...” Ficamos eufóricos, pois a situação anterior estava caótica e havia esperança que a ordem seria restabelecida. Ninguém esperava que a revolução durasse tanto tempo e se tornasse a chamada ditadura militar. Na época algumas palavras se tornaram populares como por exemplo cassar mandato, IPM , DOPS, Ato Institucional, subversivo, terrorista, exílio, anistia, etc. O noticiário à noite divulgava extensa lista de cassados, aposentadoria compulsória, preso político. O governo pôs ordem na casa.
(GMP)
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